Quinta-feira, 16.04.09
O Tabagismo é um tema cada vez mais pertinente nos dias de hoje, atendendo ao elevado número de jovens e adultos que fazem do hábito de fumar o diapasão do seu quotidiano. Perante esta prejudicial realidade, sentimos necessidade de nos tornarmos intervenientes activos da nossa sociedade, de modo a contribuir para a alteração do actual panorama e de procurar sensibilizar a Comunidade Escolar para os perigos do tabaco.
Desta forma, a Escola Secundária de Vila Verde, no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia, incentivou várias turmas a associarem-se ao Projecto Daphnia, a fim de participarem no Concurso Divulga Ciência, promovido pelo Visionário de Santa Maria da Feira.
Neste sentido, o Projecto Daphnia surgiu como uma actividade bastante enriquecedora, desenvolvida com a cooperação da professora da disciplina de Biologia e Geologia (Cidália Painço), e que culminou com o desenvolvimento de um Blog sobre o trabalho desenvolvido a entregar no Visionário. Contudo, o objectivo deste Blog também passa pelo alerta dos riscos do tabaco e das consequências do hábito de fumar para a saúde dos próprios fumadores.
Quem somos?
Somos um grupo de alunos da Escola Secundária/3 de Vila, da turma C do 10º ano de escolaridade, que frequenta o Curso de Ciências e Tecnologias e que resolveu desenvolver o Projecto Dahnia proposto pela Escola, com a colaboração da Professora de Biologia e Geologia.
Apresentação do Grupo:
- André Malheiro
- Carla Silva
- Catarina Silva
- Cátia Ferraz
A Daphnia magna é um organismo zooplantónico filtrador, típico de águas doces, muito usado em testes de toxicidade por todo o mundo.
É um animal fácil de cultivar em laboratório, com baixo custo, que requer pouco espaço e pequenas quantidades de soluções aquosas. Possui um ciclo de vida curto, alta fecundidade, reprodução partenogénica, sendo fácil a obtenção de populações homogéneas em termos de tamanho, idade e sexo.
É perfeitamente transparente, de modo que os seus órgãos internos são visíveis ao microscópio, podendo-se observar, por exemplo: o batimento do seu coração. Todas estas características fazem da Daphnia Magna um excelente modelo biológico, vítima de vários estudos científicos.
Classificação científica:
Reino: Protista
Filo: Chlorophyta
Classe: Chlorophyceae
Ordem: Chlorococcales
Família: Oocystaceae
Género: Chlorella
Espécie: Chlorella vulgaris
Beijerink, 1890
As Daphnias são sensíveis ao oxigénio dissolvido, pH e contaminantes químicos, no entanto não é difícil manter culturas saudáveis, basta que se respeitem as seguintes condições:
Factor
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Intervalo Óptimo
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pH
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7 – 8,6
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Temperatura
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20 – 25º C
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O2 dissolvido
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>6mg/L
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Dureza de água
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160 – 180mg
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Foto Período
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16h luz; 8h escuro
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Assim que chegou à Escola o Kit do Visionarium, devidamente equipado para nos auxiliar nas experiencias de trabalho, começámos logo a preparar a futura “casa” das nossas mais recentes amigas e instrutoras, pois com o essencial contributo das mesmas, tivemos oportunidade de aprender inúmeras coisas, enriquecendo, por isso, os nossos conhecimentos, na área da Biologia.
Contudo é de salientar que para a sobrevivência das Dapnhias ser possível, tivemos de respeitar, com rigor, as condições essenciais à mesma, tais como: temperaturas próximas dos 20ºc, fotoperíodo de 16h/luz e 8h/escuridão e água mineral com ph próximo de 7.
Material necessário:
KIT
- Cultura de Daphnia magna
- Pipeta de Pasteur 1 ml
- Pipeta de Pasteur 3 ml
- Cultura de Chlorella vulgaris
- Alimento para microalgas (4 ml)
ESCOLA
- Álcool etílico 70%
- Gaze e algodão
- Tubo de arejamento
- Pipeta de Pasteur de vidro
- Água mineral engarrafada
- Erlenmeyer de vidro (Matraz) 250 ml – 2 L
- Luvas
- Bico de Bunsen/Lamparina/Câmara de fluxo laminar
- Autoclave/Panela de pressão/Panela alta
PREPARAÇÃO DO MATERIAL
As culturas podem fazer-se em recipientes de vidro transparente (frascos) de 250 ml a 1 L ou em pequenos aquários devidamente lavados e se possível esterilizados (álcool 70%). Quanto maior o recipiente, mais fácil será manter as condições favoráveis para a sobrevivência a longo prazo, mas mais difícil será colher as Dáfnias com a pipeta de Pasteur para as actividades experimentais.
Todo o material envolvido na preparação e inoculação de meio para microalgas deve ser lavado durante 20 minutos a 120º C ou fervido durante alguns minutos.
Culturas saudáveis podem ser mantidas tanto com leveduras como com microalgas unicelulares (por ex. Chlorella vulgaris) ou com ambas.
Adicionar com uma pipeta de Pasteur de 1 ml, algumas gotas da cultura de Chlorella vulgaris enviada (agitar previamente para homogeneizar) até a água ficar levemente turva.
Voltar a fornecer alimento quando a água estiver transparente (2 a 3 dias depois).
As Dapnhias são muito sensíveis e por isso temos de ter muitos cuidados!
Cuidados a ter com as Dapnhias:
- Colocar a cultura num local iluminado, mas protegido da luz directa do sol (câmara de cultura).
- O frasco deve manter-se tapado para evitar contaminações.
Como devemos retirar o alimento?
- Agitar para homogeneizar.
- Abrir o frasco num local limpo com álcool etílico 70% junto à chama de uma lamparina. Com uma pipeta de Pasteur de 1 ml retirar algumas gotas e adicionar à cultura de Daphnias, tendo o cuidado de não tocar no meio de cultura com a ponta da pipeta.
Minutos antes de se ouvir o toque de entrada para a sala de aula, dois alunos encontraram-se próximos da entrada da Escola Secundária/3 de Vila Verde, tendo estabelecido uma curta conversa… Vamos “escutar”:
André: Então, o que é que estás aqui a fazer sozinho?!
Hugo: Bem, estou a fumar o meu cigarrinho… longe do pessoal, sim porque a Cátia e Carla estão sempre a chatear-me por causa do incómodo que o cheiro do tabaco lhes causa… Enfim!
André: Realmente, têm toda a razão, é bastante desagradável já para não falar dos prejuízos do cigarro para a saúde!
Hugo: Fogo! Não me chateies mais com isso, já estou suficientemente nervoso por causa do teste de Biologia e estou a tentar relaxar, com ajuda do meu cigarrinho…
André: Achas que fumar te relaxa?!
Hugo: Tens dúvidas?! Não estudei nada, estou muito nervoso, não posso ter negativa!
André: Bem, vou ter com as raparigas, Adeus!
Entretanto o André encontra-se com as raparigas e questiona-as sobre o facto de o tabaco ser um bom relaxante, tal como lhe disse o Hugo, desencadeando-se uma interessante conversa:
André: Olá meninas, o Hugo disse-me que o tabaco era um bom relaxante, vocês concordam?
Cátia: Bem, eu penso que não …
Carla: Pois, é uma boa questão!
Catarina: E que tal se usássemos as dáphnias para nos ajudar a responder?
André, Cátia e Carla: Boa ideia!
Vamos desfazer mitos, esclarecer indecisos e dar a resposta que o André procura …
Problema: De que forma a nicotina influencia o ritmo cardíaco da daphnia magna?
Hipóteses:
1. Provoca o aumento do ritmo cardíaco.
2. Provoca a diminuição do ritmo cardíaco.
3. Conduz à morte.
4. Não influencia o ritmo cardíaco, o qual se mantém constante.
Material:
- Material existente na Escola:
* 1 Microscópio
* Proveta de 100 ml
* Lâminas de vidro com concavidade
* Algodão
* Papel de filtro
* Luvas
* Pipetas de plástico de 5 ml
* Pipetas de plástico de 1 ml
- Material que faz parte do Kit:
* Cultura de Daphnias
* Cultura de Chorella Vulgaris
* Droga: nicotina
Procedimento:
1- Começámos por retirar, para uma lâmina de vidro com concavidade, uma dáfnia, colocando-a sobre uns fios de algodão e uma gota de água do meio onde ela se encontrava;
2- Colocámos a daphnia no microscópio óptico;
3- Localizamos o coração da daphnia;
4- Momentos antes da injecção da nicotina, procedemos à contagem dos batimentos cardíacos da daphnia, procedendo da seguinte forma: durante 10s contámos os batimentos cardíacos da dáfnia, fazendo corresponder a cada batimento um ponto no caderno, executado com um lápis. No final desse intervalo de tempo, contámos número de pontos representados na folha e multiplicámos o número obtido por 6, de forma a obter o número de batimentos por minuto. Repetimos a contagem mais duas vezes e em cada uma das vezes, o nº de batimentos por minuto, tal como era previsto, foi superior a 200 e inferior a 300 (Isto depois de se fazer a multiplicação por 6).
5- Preparámos uma solução concentrada de nicotina;
6- Substituímos o meio em que a daphnia habitava pela solução de nicotina concentrada, através do método de irrigação;
7- Por fim, observámos os batimentos da daphnia, neste novo ambiente, novamente ao microscópio, usando o mesmo procedimento realizado na experiência controlo, a qual serve de termo de comparação.
8- Numa última fase, registámos os resultados obtidos e procedemos à análise e interpretação dos mesmos, retirando conclusões lógicas, as quais nos permitiram verificar se a nicotina é ou não uma substância estimulante para a dáphnia, aplicando tais conclusões ao contexto do Homem, enquanto ser Biológico.
Resultados:
Conclusão:
No decorrer desta experiência, testámos o efeito de uma droga bastante conhecida na Daphnia, trata-se da nicotina. Uma vez que se trata de uma droga, a nicotina é uma substância que produz certas alterações no organismo da Daphnia, assim como no Homem.
Contudo, existem drogas depressoras, as quais tornam o funcionamento do organismo mais lento e dificultam o processamento das mensagens enviadas para o cérebro, e as drogas estimulantes que estimulam ou aceleram o funcionamento do cérebro e do corpo.
Com base nos resultados provenientes da realização desta experiência, verificámos que a presença de nicotina altera os batimentos cardíacos das Daphinas magna, induzindo ao seu aumento, pelo que poderá ser considerada de droga estimulante, contrariamente àquilo que a maioria da população julga.
Deste modo, e à semelhança daquilo que acontece com a Daphnia, a nicotina produz os mesmos efeitos no Homem, o que nos motivou a sensibilizar a população e principalmente os jovens para os risco que o hábito de fumar provoca no organismo.
No final da experiencia, o André apressou-se a contar ao Hugo aquilo que tinha descoberto, vamos “ver” como correu …
André: Tenho uma coisa para te dizer… o tabaco não te relaxa da forma que tu julgas, muito pelo contrário! A nicotina é uma substância estimulante e como tal acelera o funcionamento do teu corpo, deixando-te ainda mais excitado!
Hugo: Hei … dessa é que eu não estava à espera! Nunca pensei! Mas onde é que descobriste isso?
André: Foram as Dáphnias que contaram!
Ambos soltam grandes gargalhadas, caminhando juntos até à sala para mais uma aula.
Final da Aventura …
Com esta iniciativa tivemos oportunidade de conhecer melhor um ser aquático denominado de Daphnia magna e de enriquecer os nossos conhecimentos acerca da acção da nicotina sobre o Homem, em comparação com aquilo que acontece com a Dapnhia. Apesar de ter sido uma experiência relativamente trabalhosa, acabou por se revelar bastante interessante e divertida, tendo sido útil para desfazer mitos e elucidar os elementos do grupo para os perigos do tabaco.
No entanto, esperamos que tenham gostado do nosso Blog e que a informação nele contida também vos tenha sido útil, esclarecedora e elucidativa.